Arqueiro

A trajetória do personagem Dart, arqueiro da guarda real.


HISTÓRIA INICIAL


    Em um mundo fantástico, onde a mágica e as ambições predominavam e somente os mais fortes conseguiam sobreviver, as disputas pelo poder absoluto sempre foram elevadas às maiores consequências. De tempos em tempos, reinos travavam violentas e sangrentas batalhas, visando a conquista de novos territórios. O povo mais poderoso e hostil era o Império do Norte, de crueldades incalculáveis, localizado além das florestas e do Deserto da Eternidade, além das altas Montanhas de Fogo e da grande Cordilheira de Gelo. Toda a região norte pertencia ao Império, mas eles pouco desciam para o sul justamente por causa das quase intransponíveis barreiras geográficas e dos perigos que ali existiam.

    No meio da Floresta de Bronze, situada na região sul daquele mundo, vivia um povo pacífico e ordeiro, embora fosse tão valente e poderoso quanto o Império do Norte. Seu Rei governava a região com justiça e lealdade. O Rei e a Rainha tinham duas jovens filhas, admiradas e amadas por todos ali. O que eles não sabiam é que a Princesa mais velha carregava consigo um colar precioso, herança de seus antepassados, cujo possuidor teria domínio sobre todo o mundo conhecido. Mas a informação sobre esse poder estava nos pergaminhos antigos, há muito tempo perdidos. A atual geração desconhecia essa história e esse grande poder oculto.

    O sol estava nascendo no Reino do Sul. Parecia ser mais um daqueles dias comuns, sem maiores preocupações. Entretanto, de súbito, ouviu-se um som contínuo, vindo da Floresta de Bronze. Era um toque de chifre de carneiro – um som de guerra! De todos os lados, soldados com armaduras negras invadiram a região e surpreenderam os guardas do Reino do Sul, que não tiveram chance alguma nos combates. Os soldados pertenciam ao Império do Norte e sua missão era destruir tudo o que vissem pela frente – pessoas, casas, animais, plantações – até que capturassem a Princesa.

    A família real foi despertada em seus aposentos e encaminhada até uma passagem secreta do castelo, para fugirem daquela invasão. Antes disso, o temível General do Império do Norte conseguiu furar o bloqueio feito pelos guardas do Reino, invadiu o quarto da Princesa e a puxou pelo braço, carregando-a consigo em seu cavalo. Imediatamente os soldados negros se recolheram e desapareceram na Floresta de Bronze, em meio à fumaça das chamas que àquela hora já consumiam a cidade.

    Todos ficaram desolados, abatidos e atordoados. Ninguém entendia o porquê daquele ataque arrasador. Mas o Rei não ficou paralisado: convocou imediatamente os sobreviventes para uma ação de resgate. Se os soldados negros e o General do Império alcançassem a Cordilheira de Gelo, seria tarde demais – nunca mais veriam a Princesa de novo! Mas poucos guardas ainda estavam vivos, o capitão e os melhores homens haviam morrido. O que poderia ser feito então?

    A filha mais nova do Rei, Klara, se apresentou para a busca. Apesar de relutar, ele sabia que ela era uma de suas melhores opções. Klara tinha habilidades incríveis com adagas e facas, era uma Caçadora extraordinária. Outro que se apresentou foi o Arqueiro Dart, um dos poucos sobreviventes da guarda real, cuja pontaria era perfeita no arco-e-flecha. Se não fosse por ele, muitos mais teriam morrido na invasão. A Acrobata Diana também se colocou à disposição do Rei. Diana trabalhava na companhia de saltimbancos que se apresentava nas cidades e vilarejos da região sul. Apesar da atividade circense, ela era uma exímia lutadora, muito bem treinada por seu pai, um veterano de guerras.

    Apenas esses três tiveram coragem suficiente para o resgate. O Rei queria muito ir, mas foi encorajado a ficar e a cuidar de seus súditos, especialmente sua Rainha. Ele se prontificou a pedir ajuda aos reinos aliados do sul em caso de novos ataques na região e ofereceu uma boa recompensa em moedas de ouro pela vida de sua filha.

    A viagem aconteceria ao amanhecer. Antes, eles precisavam reunir alimento, armas e equipamentos, e traçar uma estratégia de ação. Como poderiam se infiltrar entre tantos soldados fortemente armados sem um bom plano? Concordaram inicialmente que uma equipe reduzida favoreceria a busca.

    No começo da noite, outros dois combatentes se apresentaram: o Bárbaro Tuk, um homem truculento e mercenário, e a Guerreira Ashen, uma mulher que vivia na Floresta de Bronze cuidando do avô. Ambos aceitaram participar da jornada pela recompensa. O Rei e todos ali ficaram muito empolgados pelo reforço na equipe.

    A estratégia escolhida foi a de se dividirem e percorrerem trilhas diferentes até alcançarem os soldados negros. Separados, eles poderiam ir mais rápido. Tendo calculado o tempo da viagem, e a velocidade de avanço dos homens do Império do Norte, a equipe marcou um ponto de encontro: o desfiladeiro leste das Montanhas de Fogo, pouco antes das Cordilheiras de Gelo. Ali seria o melhor lugar para se infiltrarem entre os soldados e finalmente resgatarem a Princesa.

    Logo de manhã cedo, a Acrobata, o Arqueiro, o Bárbaro, a Caçadora e a Guerreira partiram. A primeira etapa estava diante deles: superar os perigos da Floresta de Bronze.

I


Escrito por PEDRO FERES

    Dart se preparou para a jornada, levando apenas a mochila de couro usada por seu pai há tempos. Após arrumar suas coisas, pegou seu arco e flecha da guarda real, tomou o café da manhã e partiu.

    Ao chegar aos portões do castelo, avistou a Floresta de Bronze com suas árvores de folhas douradas e troncos alaranjados. Sentia uma leve brisa de outono. Sem perder tempo, adentrou a floresta com sua aljava cheia de flechas pontiagudas. Estava pronto caso algum perigo aparecesse.

    Não levou muito tempo até que ele avistasse uma criatura mística, que era bem perigosa: uma harpia, criatura com rosto humano, mas com penas em vez de pele, asas e garras afiadas. Dart bolou uma estratégia para prendê-la: daria uma flechada nas asas e depois a mataria com uma flechada certeira na cabeça.

    Em sua primeira tentativa, ele acertou. A harpia fez um som agudo de dor. Logo em seguida, foi dar a flechada certeira para finalizar. Mas, ao mirar, percebeu que a harpia havia desaparecido. Ele ouviu um barulho estranho e virou de lado para procurá-la. Quando menos esperava, viu a harpia o encarando. Dart sentiu um arrepio com a presença dela e se preparou para o ataque.

    Para sua surpresa, a harpia não o atacou, mas, sim, caiu no chão com algo entre suas pernas. Ela parecia proteger alguma coisa. Dart se aproximou com cautela e viu que eram ovos de harpia. Esses bichos eram bem obedientes e companheiros quando criados desde o nascimento. O arqueiro, então, guardou alguns desses ovos em sua mochila, afinal, poderiam ser úteis mais à frente. Assim, continuou sua jornada pela floresta de bronze até o próximo desafio.

II


Escrito por BEATRIZ NUNES

Dart seguia seu caminho com confiança, ainda que tenha sentido um frio na espinha logo que adentrou a Floresta das Ilusões.

Ao percorrer a trilha, o arqueiro percebeu que sua reserva de água havia acabado. Como não tinha tanta pressa, decidiu seguir até um dos rios que cortavam a floresta a fim de reabastecer. Ao chegar lá, percebeu um homem sentado — ele parecia perturbado e estava incansavelmente implorando por ajuda. Dart se aproximou, mas, ao encostar nele, viu que era seu antigo melhor amigo, que morrera em seus braços durante a invasão no Reino do Sul.

Chocado com aquela situação, o arqueiro ficou imóvel, olhando para a cara do seu antigo parceiro. Ele ficou perguntando a Dart: Por que me deixou morrer? Por que me deixou morrer? Isso fez com que Dart relembrasse aquele terrível dia da invasão e se sentisse péssimo. O arqueiro começou a implorar pelo perdão do amigo, que se encontrava naquele momento no mesmo estado do dia de sua morte.

Dart passou a escutar barulhos vindos do meio da floresta — um perigoso Orc se aproximava! O arqueiro tentou se afastar dali, mas seu “amigo” o segurou pelos braços, implorando para que não o deixasse novamente. Olhando nos olhos do “amigo”, Dart pediu que ele o soltasse. Mas ele continuava a perguntar se Dart o deixaria novamente. Acabou que o arqueiro foi atingido na cabeça por uma pedra atirada pelo Orc e caiu no chão meio atordoado.

Com a pancada, Dart olhou ao redor e viu que ninguém estava lá — não havia “amigo” algum. Tudo não passava de uma ilusão às margens daquele rio. Revoltado com a situação e com o choque de realidade, Dart se levantou, empunhou seu arco e disparou uma de suas flechas diretamente na cabeça do Orc, que foi atingido e caiu morto. O arqueiro, então, pôde seguir seu caminho, mantendo-se mais atento em relação a quaisquer ilusões, até finalmente deixar aquela floresta ameaçadora.

III


Escrito por RÔMULO RAMOS

Ao alcançar o Deserto da Eternidade, Dart sentiu muita sede. Ele se lembrou que havia deixado sua botija de água cair no rio, lá na Floresta das Ilusões. Ele também estava muito cansado e com fome. Depois de um bom tempo caminhando, Dart começou a ter alucinações.

Quase desmaiando, Dart avistou um oásis. Muito emocionado, correu com dificuldades até aquelas fontes de águas maravilhosas. Quando ia beber, tudo desapareceu! Dart percebeu que só estava delirando. À beira da morte, sem comida e sem bebida, passando um frio intenso na noite daquele deserto, o arqueiro avistou uma cidadela adiante.

Aquele lugar era a sua salvação naquele momento. Mas tinha muitos guardas fortes e armados. Era impossível entrar sem ser de forma cautelosa. Aproveitando a escuridão, Dart acertou uma flecha em um dos guardas mais afastados, que faziam a ronda. Seu corpo caiu sem que os outros guardas percebessem. Puxou-o para perto de si, vestiu a roupa dele e se infiltrou na cidadela. 

Logo que entrou, Dart foi até a base dos guardas, pegou comida, bebida e armamentos. Um dos homens ali percebeu algo de estranho em Dart e perguntou a ele:

— Há quanto tempo você trabalha aqui?

O arqueiro disse que fazia dois dias que trabalhava na guarnição. O guarda sabia que ele estava mentindo. Então, imediatamente, tentou abater Dart ali mesmo, com sua espada, mas o arqueiro conseguiu desviar e contra-atacar o guarda. Mesmo não sendo especialista em combate corpo a corpo, Dart conseguiu tomar distância e fugir.

Naquele momento, toda a guarda da cidadela estava à procura do arqueiro. Não tinha mais como Dart ficar naquele lugar. Mas ele ainda precisava de suprimentos para continuar sua jornada. Observando o que podia fazer, avistou barris de pólvora que estavam sendo transportados em uma rua próxima. Pegou uma de suas flechas, ateou fogo na ponta e disparou nos barris. Com a enorme explosão, todos os guardas recuaram. Em rápidos movimentos, Dart pegou todos os suprimentos que precisava e deixou a cidadela.

IV


Escrito por BERNARDO FEIJÓ

Texto ainda sendo escrito.


Continua...

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